quarta-feira, janeiro 25, 2006

"A Vida Real de um Pensamento"



A vida real de um pensamento dura apenas até ele chegar ao limite das palavras: nesse ponto, ele lapidifica-se, morre, portanto, mas continua indestrutível, tal como os animais e as plantas fósseis dos tempos pré-históricos. Essa realidade momentânea da sua vida também pode ser comparada ao cristal, no instante da cristalização.
Pois, assim que o nosso pensamento encontra as palavras, ele já não é interno, nem está realmente no âmago da sua essência. Quando começa a existir para os outros, ele deixa de viver em nós, como o filho que se desliga da mãe ao iniciar a própria existência. Mas diz também o poeta:

Não me confundais com contradições!
Tão logo se fala, já se começa a errar.


by Arthur Schopenhauer, in 'Sobre o Ofício do Escritor'

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Once Upon A Time In America









Na minha opinião, um dos melhores filmes de sempre, e em que os 22 anos que o separam da actualidae, significam meramente uns milesimos de segundo, no realismo de uma sociedade que nos nossos dias continua basicamente com os mesmos principios, inscritos profundamente no mais intimo das pessoas, embora disfarçados por tantas situações que nós bem sabemos e conhecemos, tolerando...
Afinal o tempo passa, as pessoas crescem, mas a evolução das mentalidades... parece apenas evoluir numa direção...

Director: Sergio Leone
Guião: Leonardo Benvenuti, Sergio Leone
Fotografía: Tonino Delli Colli
Música: Ennio Morricone
Intérpretes:
Robert De Niro, James Woods, Elizabeth McGovern, Treat Williams, Tuesday Weld, Burt Young, Joe Pesci, Danny Aiello, William Forsythe, James Hayden

Sintese:


Nova York anos vinte. David Noodles Aaronson, um jovem judeo conhece nos soburbios de Manhattan, Maximiliam Max Bercovicz, outro jovem hebraico disposto a fazer qualquer coisa para poder sair daquele inferno e realizar os seus sonhos. Ambos travam uma grande amizade e formam, com mais outros tres rapazes, um gang que prospera rápidamente, chegando a converterem-se, nos difíceis anos da lei seca, nos maiores e mais eficientes mafiosos. Pelo meio vamos vendo "grandes pequenos" detalhes que marcam este filme e o elevam a um patamar muito acima de qualquer media. Durando 234 minutos entusiasticos, ás vezes mais parados, para torna-lo de uma absorsão incrivel, cheio de sentimentos, excelente banda sonora e um realismo indubitavel, da sociedade Americana dos anos vinte ...
By xBs

terça-feira, janeiro 17, 2006

"Cultura"


"É um fenómeno eterno: a ávida vontade vai sempre encontrar um meio de fixar as suas criaturas na vida através de uma ilusão espalhada sobre as coisas, forçando-as a continuar a viver. Este vê-se amarrado pelo prazer socrático do conhecimento e pela ilusão de poder, através do mesmo, curar a eterna ferida da existência; aquele vê-se envolvido pedo véu sedutor da arte ondeando diante dos seus olhos; aquele, por seu turno, pela consolação metafísica de que sob o remoinho dos fenómenos continua a fluir, impreturbável, a vida eterna: para não falar das ilusões mais comuns, e talvez mais vigorosas, que a vontade tem preparadas em qualquer instante.
Aqueles três níveis de ilusão destinam-se apenas às naturezas mais nobremente apetrechadas, nas quais a carga e o peso da existência são em geral sentidos com um desagrado mais profundo e que podem ser ilusoriamente desviadas desse desagrado através de estimulantes seleccionados. É nestes estimulantes que consiste tudo o que chamamos cultura."

By Friedrich Nietzsche, in 'O Nascimento da Tragédia'

"A Imperfeição dos Nossos Sentidos"


"Se os nossos sentidos fossem perfeitos, não precisávamos de inteligência; nem as ideias abstractas de nada nos serviriam. A imperfeição dos nossos sentidos faz com que não concordemos em absoluto sobre um objecto ou um facto do exterior. Nas ideias abstractas concordamos em absoluto.
Dois homens não vêem uma mesa da mesma maneira; mas ambos entendem a palavra «mesa» da mesma maneira. Só querendo visualizar uma coisa é que divergirão; isso, porém, não é a ideia abstracta da mesa."


By Fernando Pessoa, in 'Ricardo Reis - Prosa'

"Todos os Problemas se Dissiparam"



"(...) esta melancolia sombria, acumulada em mim por um pensamento constante, um pensamento muito acima do meu alcance: que tudo na vida não tem importância.
Sim, este pensamento ocupa-me há já muito tempo, mas a convicção completa só apareceu em mim, no ano passado. Tudo é sem importância, eis a verdade. Existirá o mundo? Ou não haverá nada em nenhuma parte? E tive a revelação de que não há nada à minha volta. Parecia-me, no entanto, que até essa altura estive rodeado por seres estranhos a mim, mas compreendi que eram aparências infrutíferas. Nada existiu, nada existe, nada existirá. Deixei logo de me irritar com os outros e de me ocupar deles. Palavra! Até chocava com os transeuntes, de tão alheado que estava. Contudo, alheado por quê? Tinha deixado de pensar. Tudo me era indiferente. Ainda se eu procurasse resolver os grandes problemas! Eu não resolvia nada, os problemas bloqueavam-me em vão; tudo se tornou para mim sem importância, e todos os problemas se dissiparam."


By Fiodor Dostoievski, in 'O Sonho de um Homem Ridículo'

quarta-feira, janeiro 11, 2006

SeNtAdOs!!!??


Apesar de não parar, continuamos a viver sempre desta forma, á espera,

Sentados, olhamos tudo o que nos rodeia,

Imóveis, sentimos o ar que respiramos,

Pensando, parados no que nos atormenta e nos deixa assim vulneráveis,

Sonhando, que algum dia, melhores dias virão;

A angustia, de termos consciência que tudo continua, sem nós e que o tempo não para,

Deixamos tudo o resto de lado, pois já não o encontramos,

Parados, olhamos para trás, desolados, sentimos, choramos, mas não vemos,

Não conseguimos alcançar o que a vista nos propõe,

E assim partimos, sentados, nos nossos pensamentos afogados;

by xBs

Às Vezes!!!


segunda-feira, janeiro 09, 2006

Depois de àmanhã




(...)"Depois de àmanhã, sim, só depois de àmanhã...
Levarei àmanhã a pensar em depois de àmanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O somno da minha vida real, intercalado,
O cansaço anticipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um electrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de àmanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar àmanhã no dia seguinte...
Elle é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-hei á secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de àmanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de àmanhã..."(...)

by Alvaro de Campos

sábado, janeiro 07, 2006

Em fuga constante





















Vivemos constantemente em fuga de nós próprios enquanto nos procuramos. Passamos o tempo cheios de perguntas sem obter algum dia a resposta pretendida. Porque!? Será que estamos a fazer as perguntas certas! Não teremos nós as respostas bem á frente dos nossos olhos, e nem sequer reparamos! Ou por outro lado, será que nós queremos ver mesmo a resposta ás nossas dúvidas!? Caminhamos rapidamente em busca! Mas estaremos nós a procurar o que queremos, ou o que os outros querem de nós!? Será que realmente procuramos?! E que realmente sabemos o que queremos?!

Bem, podemos até ter todas as certezas, num determinado instante das nossas vidas, mas será que amanha continuaremos a ter!? Não estaremos a enganarmo-nos a nós próprios!?

Será que nos tentamos encontrar enquanto nos procuramos?!? Procuraremos nós a nós próprios, ou uma imagem que idealizamos?!? Não estaremos a cair no erro de passar toda uma vida a enganarmo-nos, para depois chegarmos ao fim e termos de assumir de uma vez por todas que tudo foi um erro, uma ilusão, uma corrida desnecessária…

Pois fica na consciência de cada um de nós o saber… No que a mim me toca, sinceramente, acho que cada vez mais, nada faz sentido… E tudo o que nos rodeia é o que vamos construindo nas nossas imaginações, dando mais ou menos largas á imaginação…

Mas isto é hoje! Amanha provavelmente poderei pensar de maneira diferente….

by xbs

In A Manner Of Speaking



In a manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing
In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way I feel about you
Is beyond words

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Oh give me the words
Give me the words
That tell me everything

In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live
We only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrificed

So in a manner of speaking
I just want to say
That like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Oh give me the words
by depeche mode

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Cidade de Chaves

A cidade que me viu crescer


De volta e possivelmente só de passagem, passados quase 7 anos, desilude-me constatar, que,
quase ou pouco nada mudou nesta cidade! Não estou a falar obviamente do progresso que pode
ter havido no sector industrial, comercial ou até nas vias de comunicação, mas sim, na mentalidade pobre, insensata e de natureza muito retrogada que impera nas pessoas.
Parece-me que tudo parou, o progresso passou, mas nimguém o acompanhou. De que vale a pena
os meios de comunicação mais recentes, para estas pessoas?! Se elas próprias não evoluiram mentalmente! De que serve termos tudo do melhor, se não o aproveitamos na totalidade as suas capacidades! "Ter por ter"?! Se calhar o problema reside mesmo no facto de estas pessoas "estarem por estar"...

by xbs

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