quarta-feira, março 15, 2006

Ruinas



Ao longo do extenso caminho que percorremos durante toda a nossa vida, vamos encontrando pedaços, fragmentos, nacos de pensamentos que nos afluíram á percepção a quando de uma escolha possível, de um rumo, de uma direcção, perante uma qualquer e constante encruzilhada, a que tantas vezes somos obrigados a enfrentar. A cada passo que damos, deparamos com excertos da nossa memória, que considerávamos perdidos, esquecidos, alienados de nós. Passamos assim por “eles” e raramente os escutamos de verdade, com a atenção devida, mas feliz ou infelizmente fazem parte de nós, do nosso passado, tornando-se extremamente marcantes para o presente. Tal como seriam importantes para o futuro, se lhes déssemos a devida importância. Passamos o tempo á procura de respostas para os nossos problemas, fantasmas e pensamentos, sem nos apercebermos que a nossa volta esta tudo o que necessitamos, e que sem duvida não aproveitamos a nossa própria experiência em nosso beneficio. Será que não acreditamos em nós, ou nos obstáculos que vamos transpondo no dia a dia? E estamos tão receosos de falhar ou de morrer, que acabamos por viver escondidos e enrolados em problemas que só nós julgamos existirem! As nossas ruínas fazem parte de nós e não vale a pena tentarmos desviarmo-nos delas, pois são demasiado importantes quer no conjunto, como também fragmentadas, nelas estão escritas as palavras que nos faltam, só carecemos de nos consciencializar que deveras até o mal passado nos pode ajudar sempre no presente e no futuro…

By XbS

segunda-feira, março 13, 2006

"Nenhum Problema tem Solução"







(...)"Nenhum problema tem solução. Nenhum de nós desata o nó górdio; todos nós ou desistimos ou o cortamos. Resolvemos bruscamente, com o sentimento, os problemas da inteligência, e fazemo-lo ou por cansaço de pensar, ou por timidez de tirar conclusões, ou pela necessidade absurda de encontrar um apoio, ou pelo impulso gregário de regressar aos outros e à vida.
Como nunca podemos conhecer todos os elementos de uma questão, nunca a podemos resolver.
Para atingir a verdade faltam-nos dados que bastem, e processos intelectuais que esgotem a interpretação desses dados."(...)

Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego'

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