quarta-feira, novembro 02, 2005

o abandono




XI


"Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela
E oculta mão colora alguém em mim.
Pus a alma no nexo de perdê-la
E o meu princípio floresceu em Fim.
Que importa o tédio que dentro em mim gela,
E o leve Outono, e as galas, e o marfim,

E a congruência da alma que se vela
Como os sonhados pálios de cetim?
Disperso... E a hora como um leque fecha-se..
Minha alma é um arco tendo ao fundo o mar..
O tédio? A mágoa? A vida? O sonho? Deixa-se.
E, brindo as asas sobre Renovar,
A erma sombra do voo começado
Pestaneja no campo abandonado... "by Fernando Pessoa

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O abandono é não ter ninguém a quem amar!

10:16 da tarde  

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